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MICOSES VAGINAIS Dentro dos fungos imperfeitos, os únicos de interesse em ginecologia são da ordem hifomicetales ou moniliales. Os gêneros Candida, torulopsis e Geotrichum são os mais freqüentes na vagina. As leveduras mais frequëntes em ginecologia são do gênero Candida com aproximadamente 30 espécies, porém só algumas têm verdadeiro interesse médico, sendo a mais comum a denominada Candida albicans. Não muito tempo atrás, esta espécie se chamava Monilia e sua infecção monilíase, denominações hoje abandonadas. Por trás dos corrimentos vaginais determinados por leveduras sempre existem fatores que predispõem ou desencadeiam. A não investigação e correção destes fatores, são não raro, causa de insucesso terapêutico. São três as condições para que o fungo produza infecção. Em primeiro lugar, é necessário o contato com o fungo patógenos; em segundo lugar, o fungo tem que penetrar no organismo humano e, por ultimo, encontrar um terreno favorável para seu desenvolvimento. Assim, devem sempre ser lembradas as situações que favorecem o desenvolvimento e perpetuação das micoses vaginais: 1.Tratamento antibiótico em pequenas doses ou por longo tempo; 2.Dietas ricas em carboidratos; 3.Abstinência sexual não observada durante o tratamento; 4.Não tratamento do parceiro; 5.Ingestão de bebidas alcoólicas durante o tratamento; 6.Anovulação crônica; 7.Uso de anovulatórios combinados; 8.Diabetes; 9.Gravidêz; 10.Terapêutica com imunosupressores. 11.Tabagismo 1 CANDIDA SPP.. Sua presença no canal vaginal é muito freqüente e está aumentando na atualidade devido a uma série de fatores circunstanciais denominados fatores predisponentes. Em nosso material representa 28,5% das vaginites citologicamente específicas e é observada em 9,7% dos exames citológicos de rotina. Representa 89,1% dos fungos diagnosticados pela colpocitologia e 92,1% das micoses vaginais. As vaginites por cândida são a Segunda causa etiológica de cérvico-colpites. Fato interessante é que 1/3 das mulheres que possuem cândida em seus esfregaços vaginais não apresentam quaisquer sintomas de vaginite. Microscopicamente a cândida aparece como (Figuras 40, 41 e 42) estruturas alongadas, septadas, das quais brotam esporos. Tomam coloração marrom pelo Papanicolaou. A Candida guillermondii apresenta-se no esfregaço, unicamente sob a forma de esporos ovalados. Causanos estranheza a baixíssima associação entre cândida e tricomonas, em vista de ser esta associação propagada no meio médico como sendo elevada. Já temos observado esta discrepância há alguns anos. Acreditamos serem as diferenças ambientais do meio vaginal o fator determinante de incompatibilidades ecológicas para este ou aquele gente inflamatório. A cândida freqüentemente está associada à flora vaginal normal e, portanto, crescendo em meios com elevada concentração hidrogeniônica, fato este não encontrado na maioria dos casos de tricomoníase, que preferm meios com dendência à alcalinidade. No entanto, os casos de candidíase associadas a tricomoníase têm freqüentemente como flora bacteriana os bacilos de Döderlein, mostrando que a barreira microbiológica não é tão eficaz como se apregoa. 2 TORULPSIS GLABRATA Os fungos do gênero Torulopsis (Figura 43)são fungos imperfeitos. Não formam endosporos, nem micélios "in vivo". São esféricos, medem menos de 8 micra e são gram-positivos. No exame a fresco podem passar despercebidos em vista da sua baixa refringência e pequena dimensão. No entanto, no exame citológico corado pelo Papanicolaou tem características próprias que os tornam de fácil diagnóstico. Na coloração pelo Shorr ou Papanicolaou apresentam-se sob a forma de diminutos esporos arredondados, freqüentemente em grupos. Deve-se fazer diagnostico diferencial com a Candida guillermondii. Esta ultima é ovalada e tem mais de 8 micra de diâmetro máximo. Em nosso material, tem sido diagnosticados em 0.8% dos exames citológicos de rotina e em 1.7% das vaginites especificas. Representam 7.4% dos fungos diagnosticados na colpocitologia e 5.6% das micoses vaginais. Podem estar associados a outras leveduras, principalmente a cândida. Em 94.1% dos casos estão associados a flora bacteriana predominantemente lactobacilar . As alterações celulares inflamatórias determinadas por esta micose são de grau consideravelmente menor em se comparando as alterações determinadas por outras leveduras. Quanto a manifestações clinicas, observa-se uma vaginite menos agressiva que a determinada por leveduras do gênero cândida, produzindo uma leve infecção da mucosa vaginal, com aumento de secreção esbranquiçada pouco grumosa. O corrimento provoca sensação de queimor ou ardor genital e prurido genital de grau mais leve que o observado na candidíase. Quanto a terapêutica tem-se dado preferência ao tratamento local com antimicóticos modernos (econazol, clotrimazol, miconazol ou terconazol), em uso tópico por 10 a 14 dias consecutivos. É resistente a dose única. 3 - GEOTRICHUM CANDIDUM
Atualmente há uma corrente promovendo a classificação do gênero Torulopsis e Geotrichum ao mesmo gênero da Candida, passando o Torulopsis glabrata e o Geotrichum candidum a ser definido como Candida glabrata e Candida geotrichum. Geotrichum candidum (Figura 44) é uma levedura bem caracterizada na coloração preconizada pelo Papanicolaou. Os seus esporos são semelhantes a micélios, unindo-se entre si de forma articulada (artrosporos). Lembram a morfologia articular da pata de inseto. Alguns definem os artrosporos de Geotrichum candidum como "esporos miceliantes. Incide em 0.4% dos exames citológicos de rotina e em 0.7% das vaginites citològicamente especificas, representando 3.5% dos fungos diagnosticados na colpocitologia e 2.3% das micoses vaginais. Como a cândida e o torulopsis, preferem meio vaginal acido em vista de sua freqüente associação com flora lactobacilar normal, acreditamos que os mesmos fatores predisponentes da candidíase estejam também presentes na infeção por estes fungos. Quanto a terapêutica tem-se dado preferência ao tratamento local com antimicóticos modernos (econazol, clotrimazol, miconazol ou terconazol), em uso tópico por 10 a 14 dias consecutivos. É resistente a dose única.
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