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MINI-ATLAS DE CITOPATOLOGIA
E HISTOPATOLOGIA DO COLO UTERINO

HISTOLOGIA UTERINA

O útero está constituído de duas partes principais: o corpo e o colo.

Anatomicamente o colo uterino se divide em duas porções: ectocérvice e endocérvice. O endocérvice, correspondendo ao canal cervical, mede 2 a 3 mm de espessura podendo, nas porções mais internas deste canal atingir cerca de 1 cm de profundidade, e está revestido por epitélio colunar simples, raramente ciliado e predominantemente mucíparo (Figura 12) . As saliências e reentrâncias da mucosa endocervical dão a impressão de formações glandulares (Figura 11). Este epitélio cilíndrico é responsável pela produção do muco cervical. Sob ação dos hormônios ovarianos o muco cervical sofre modificações cíclicas. Assim, por exemplo ele é abundante, alcalino e menos viscoso na fase folicular. Depois da ovulação, sob influência da progesterona, ele se torna denso e mais viscoso. As células cilíndricas são oriundas de células de reserva sub-cilindricas (Figura 24), que são pequenas células de escasso citoplasma, localizadas entre o epitélio e a membrana basal, e que normalmente são escassamente observadas em um epitélio hígido.

O endocérvice inicia-se no orifício anatômico interno por continuidade com o endométrio. No colo padrão o epitélio colunar endocervical termina abruptamente no nível do orifício anatômico externo. O ectocérvice é revestido por epitélio escamoso estratificado não-ceratinizado (Figuras 1 e 2). Seu estroma não apresenta glândulas. Este epitélio também reveste os fundos de saco e vagina em toda a sua extensão. Esta união de epitélio diferentes é chamada de Junção Escamo-Colunar (JEC).

O escovado do canal cervical demonstrará a presença de células colunares de núcleos localizados em uma das extremidades e citoplasma vacuolado. Pode apresentar cílios na extremidade oposta ao núcleo; quando vistas em grupos lembram uma colméia ou favo de mel (Figuras 13 e 14).

A importância do encontro de células colunares endocervicais está na afirmação de que a JEC foi alcançada durante a colheita do material. Isto é muito importante, pois é nesta localização que incide com maior freqüência o tipo histológico mais comum de câncer do colo uterino: o carcinoma de células escamosas.

A Junção Escamo-Colunar, em um colo padrão deve incidir sobre o orifício anatômico externo, do colo uterino. Quando a JEC é deslocada para fora fala-se em ectopia ou ectropio, enquanto que o seu deslocamento para dentro do canal cervical, fala-se em entrópio ou entropia. Na ectopia o epitélio colunar simples adquirindo localização ectocervical passa, por motivos não muito conhecidos (talvez a acidez vaginal, entre outros fatores), por um processo de transformação até se converter em epitélio escamoso maduro, produtor de glicogênio e contendo as mesmas , basicamente, as características morfológicas do epitélio escamoso original . O processo, chamado metaplasia escamosa, inicia-se através da hiperplasia de células de reserva sub-cilindricas, que normalmente produzem células colunares, e que por um processo de "viragem do dicionário genético", passam a se diferenciarem em células escamosas imaturas, com resquícios celulares glandulares (vacuolização e núcleos muito parecidos com os das células endocervicais) até alcançarem completa maturidade, quando a diferenciação com as células escamosas originais é muito difícil. À colposcopia a metaplasia escamosa é observada como a terceira mucosa ou zona de transformação normal (Figuras 24 e 30).

Portanto podemos definir a metaplasia escamosa com o processo no qual o epitélio cilíndrico endocervical é substituído por epitélio escamoso. De forma esquemática podemos distinguir a metaplasia escamosa em três estágios:

a) Metaplasia imatura ; b) Metaplasia intermediária ; e c) Metaplasia madura.

O corpo uterino consiste de uma parede (miométrio) e uma mucosa (endométrio) que reveste toda a cavidade uterina.

A morfologia histológica do endométrio sofre variações de acordo com o ciclo menstrual. Na fase folicular ou estrogênica as glândulas proliferam e seu epitélio de revestimento se torna bastante alto e produz fosfatase alcalina. Na fase luteínica ou progesterônica as glândulas deixam de ser ovóides e se tornam ramificadas. Há considerável formação de glicogênio. E o estroma apresenta pseudo-decidualização.

Ao chegar a menstruação esta mucosa se desprende deixando apenas uma fina camada basal que servirá de tecido regenerativo.

As células endometriais, podem ser encontradas na cavidade vaginal, principalmente no período menstrual, onde, evidentemente, a descamação é maior (Figura 15),

No período reparativo ou pós-menstrual imediato o endométrio continua descamando pequenos grupos de células estromáticas. Esta descamação pode se manter, no máximo, até o 12º dia do ciclo. É anormal o encontro de células endometriais fora do período de segurança (12º dia) indicando alteração orgânica (endometrite, hiperplasia endometrial, uso de DIU) ou funcional (por exemplo, hemorragia disfuncional) do endométrio.

 

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Última Revisão: 21 Setembro 1999.

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